
Audio: Sol e amor.
Recordo-me de ler algures o seguinte “a poesia apresenta-se como pura experiência da palavra”. Considero que esta forma de expressão é das mais delicadamente cruas para a alma, das que tão facilmente ganham contornos de amor como de ódio, das que incitam ao desafio filosófico de ousar questionar de forma subliminar toda a existência, seja de forma geral ou particularizando num ser específico.
À minha companheira de conversa de hoje a poesia entranha e sai de si, acompanha os sonhos enquanto dorme ao seu lado embalando o subconsciente que traça o descanso nocturno.
Arquitecta designer de profissão, agarra-se ao desporto lançando bolas que lhe permitem desligar do mundano e na imersão da escrita a alma dá-se-lhe as voltas necessárias para a criação.
Os gostos apuram-se, mas antes têm de se adquirir e a família desta senhora contribuiu para o despertar que as palavras inconscientemente se permitem dizer. Encontros de família e amigos onde as tertúlias engrandeciam o saber, promoviam o pensamento critico, a curiosidade cultural e não existiam temas “não faláveis”. Juntou à literatura variada conteúdos sobre design e marketing, necessários à sua profissão.
As viagens podem fazer-se em casa, recebendo postais de quem por aí anda, por isso faz questão de receber e de enviar cartas para marcar as geografias mentais e físicas.
“Até fico com borboletas na barriga quando estou à espera que alguém receba uma carta minha”.
Adiciona-se-lhe a prazerosa habilidade de camuflar bilhetes e escritos carinhosos por lugares secretos, tendo como desígnio o encontro fortuito com a pessoa certa.
Eu, a poesia, sinto-a quente, envolvente, de arrepiar e com a capacidade de provocar sensações físicas inalcançáveis por outros meios letrados. Conecto por isso com a resposta que me dá à questão – O que vai bem com livros – Sol! Amor!
Fez-me todo o sentido porquanto são dois elementos quentes que impactam fisicamente.
O livro que mais gostaria de ver encadernado? Aquele que ainda vai escrever. Cá o espero!